01 junho 2008

Despertar de Sentidos


Uma praia, repleta de gente, toalhas e chapéus amontoados na pouca areia.
Os sons cruzam-se os olhares trocam-se e os pensamentos elevam-se.
Perdidos nos nossos pensamentos, entregues à lentificação ao entorpecimento esquecemos tudo.
No entanto os murmúrios aumentam, tomam forma, ecoam em nós como palavras soltas que teimam em fazer sentido.
Procuramos o nexo como quem procura um oásis, relaxando na explanada, com vista para o mar.
Perdemo-nos em palavras alheias ao som de uma doce voz e procuramos nexo novamente.
Perdemos o rasto de lucidez e deixamo-nos fluir nas palavras bebendo-as como quem bebe um café.
Voltamos à realidade onde vemos não uma mas sim mil pessoas à nossa volta e uma vez mais alheamo-nos na conversa de alguém.
Os sons voltam a fazer eco em nós não só o som das palavras mas também das ondas, da areia, das toalhas a serem sacudidas... mas lá ao fundo a conversa de amigos o cochicho de alguém, faz-nos uma vez mais focar uma voz e procuramos nexo.
Em nós há algo que nos puxa, que nos alimenta o bicho da procura, e que nos leva a seguir um som, uma voz de comando, uma voz doce, uma voz firme e seguimos mesmo sem ver para onde vamos, pois uma palavra proferida é uma janela para um mundo como um livro se torna um caminho.
As sensações são variadas e fechamos os olhos e adormecemos onde encontramos a passagem para o nosso e só nosso mundo. Onde nos perdemos e do qual nem sempre temos a chave para aceder. Hoje sonhamos com barcos com o cheiro a maresia, amanhã não sabemos mas poderemos acordar submersos em pensamentos estranhos e conturbados. Mas hoje impera o som do mar, o som das crianças, o som das gaivotas, o som da alegria, o som das férias.
Amanhã poderá ser diferente.
Mas ao acordar iremos seguir novamente uma palavra, um vento, um murmúrio, e seremos levados novamente a novos horizontes e poderemos seguir novos caminhos nunca antes por nós percorridos.
O som, os sentimentos os sentidos os alentos, somos nós em divagação em sentir e sentir.