... Só ...

Olho o mar, percorro o paredão e vou de encontro à areia, aproximo-me e fico a ouvir as ondas a bater, mergulho no silêncio e calor da noite e Sesimbra serve-me de pano de fundo.
A neblina serve-me de cortina, para toldar as minhas ideias, que teimam em não querer sair, ou será que sou eu que as meto para dentro por saber que não gosto do que tenho de pensar?
Percorro a areia descalça e sinto o calor da noite, sento-me e contemplo a paisagem... perco-me em pensamentos... só... completamente só... mas parece que alguém adivinha a minha dor... e uma voz pergunta... "A passear sozinha?" às vezes sozinha também é bom respondo... mas para mim é algo que dói, é ferida aberta, é cortar as asas a um sonho, é sofrer...
Se outros percebem a minha dor porque é que quem devia perceber a ignora?
Só... perdida em mim na vã tentativa de me encontrar... será que me quero encontrar? ou será que prefiro deixar-me estar perdida?
Novamente o encontro com a dor... é estranho pensar no que já ali aconteceu e no que parece que poderia ter acontecido... mas será que podia? ou será que foram meras palavras?
Só... sinto-me tão só... sinto que não tenho com quem partilhar, que não tenho com quem estar... e estar ali sem quem eu quero não faz sentido... mas sei que não tenho asas suficientemente grandes para voar para tão longe... não agora... seria dar um passo maior do que a perna, seria esticar demasiado a corda e pior sei que nunca mo irá pedir e sei que me irá perder... e ficarei só... não por não ter gente junto a mim, mas porque dentro de mim há um vazio, sem nada, sem sentir, sem querer poder, porque sinto que aquilo que me poderia preencher vai fugir para longe de mim e dói pensar assim... que estou completamente só... vazia até de ideias... para sair daqui deste ponto... só... e só ficarei... até aprender a não sofrer... mas muitas lágrimas irei verter... até isso acontecer...