08 agosto 2009

Ao som da conversa do chapéu do lado!


Ao som da conversa do chapéu do lado, estendo a toalha na areia. Ouvem-se os ruídos das crianças ao longe a brincar nas ondas, a satisfação de um dia bem passado.
Deito-me e serro os olhos, apuro os pensamentos, que se perdem levados pelas conversas de quem sussurra em surdina os comentários de um dia atarefado.
Pena que os pensamentos não atravessem mares e oceanos, levados engarrafados até ao cristalino de quem não espera nenhuma mensagem. Mas pode ser que... sei lá... um dia lá cheguem.
Mas quando e se chegarem poderá ser tarde de mais.
Pena que os pensamentos, não possam ser adormecidos, pena que o que se pensa seja sempre pior do que é a realidade, mas a realidade pode desconhecer-se e os pensamentos estão sempre ali, que nem tormentos prontos a soltar-se!
É negro o dia soalheiro, contrastes berram por entre as ondas, o sol queima, mas não faz arder os sentimentos, o dia passa mas a dor não sai, agrava-se!
E o som da conversa do chapéu ao lado continua, alheia ao perder dos sentidos.
Levanto-me e vou até à água, a ver se adormeço os meus pensamentos, com o bater das horas no relógio da capela, a olhar para o infinito, com o horizonte da "cidade" como pano de fundo.
Agradeço a oportunidade, mas insatisfeita com a realidade de não ter quem eu quero para poder partilhar este sentimento.
Volto para junto do som da conversa do chapéu ao lado, a ver se o meu estado inebriado, me leva para qualquer lado...

*desconheço o autor da foto, mas fantástico trabalho!