03 setembro 2008

Pego na caneta e voo!

Pego na caneta, e voo dentro de mim, mesma. Absorvo-me dentro de mim, esqueço o que oiço e dou asas à fertilidade de pensamentos. Escorrem-me murmúrios, palavras dizeres. Sentimentos confusos, perdidos no meio de tantos outros, pontas soltas que nos fazem gritar mas que se calam com a força de um nó.
Pego na caneta e saio para fora do mundo dos pensamentos verbalizando através da escrita as ideias mirabolantes, inacreditáveis, inenarráveis para quem não sou eu, para quem não está dentro de mim.
O mundo é visto sem ver, sem sentir mas sentindo. Perco-me nos pensamentos vagos sem rumo e penso no que não quero pensar, oiço vozes dentro de mim que podem fazer ou não sentido será a musica de um rádio e fui novamente em busca da caneta pego e voo para longe daqui.
Mas há algo que me puxa para a tristeza e solidão e me consome. Perco-me na noite que não me embala mas desperta os sentimentos. Sou eu que escrevo sem saber onde devo parar nem o que dizer nem com o que concordar. Fará sentido para alguém o que digo? Ou são meras palavras soltas vindas de um profundo desespero? Será que algo se quer soltar mas é tão tenebroso que não me atrevo a dizer muito menos a querer pensar pois o pensamento é o poder da palavra? Escrevo… escrevo sem fim muito menos sem início e quem sabe sem conteúdo mas não consigo parar de escrever e de deixar de dizer que estou aqui inerte num pensamento perdido sem rumo e que não me faz sentido mas que me faz escrever.
Vejo-me a pegar não na caneta mas a evoluir e pegar no computador e seguir o seu teclado de cor ao ritmo de um pensamento e volto a perder-me volto a ser arrebatada pelos pensamentos que não quero. Interessante estar a ouvir uma música sem saber o que é mas que me abranda o pensamento porque não gosto dela e resisto a querer algo de melhor mais aprazível de ouvir. O que poderei eu fazer para resolver o insolúvel? O que posso eu fazer para sair deste abismo sem ser o salto para a morte, para a decadência? Como sair deste beco sem saída mas que já tantos o encontraram e percorreram na encruzilhada da vida?
A porta não se abre com o desenho de uma simples caneta, nem sequer desenhando a maçaneta. Mas poderei eu seguir em frente de direcção cair e ficar sem coração? O que me revelará a saída misteriosa? Será que eu quero sair? Ou que quero entrar? Perdi-me novamente sem saber contar. Fui para longe da inspiração que lhe fecho a porta como a um vão!